★ MENÇÃO HONROSA ★ 14º CBCA

14º CBCA: COMUNIDADE, SAÚDE E BEM ESTAR
A cidade escolhida para o projeto é Curitiba, localizada na região sul do Brasil, no estado do Paraná. No relatório "Estado das Cidades do Mundo 2010/2011: Unindo o Urbano Dividido" da ONU, cinco cidades brasileiras figuram entre as mais desiguais do mundo e, dentre elas, Curitiba, que ocupa o 17º lugar no ranking. Os critérios de escolha do terreno incluíram o processamento dos dados sobre população, recorte racial, educação, segurança, rendimento, vulnerabilidade social, áreas verdes públicas, domicílios insalubres, mobilidade e transporte, estruturação urbana e habitação e equipamentos, disponíveis no banco de dados “Diagnóstico Regional” (2017), disponibilizado pelo IPPUC, a fim de identificar regiões que necessitam de lugares públicos voltados à saúde e bem estar. Dentre as regionais, a do Cajuru é a que tem a maior porcentagem de domicílios em extrema pobreza, totalizando 1,3% dos domicílios, número que está acima da média curitibana (1%). Destacaram-se a porcentagem de esgotos a céu aberto e de lixo acumulado. A renda per capita é de R$980,00, menos que um salário mínimo e também abaixo da média do município, que é de R$1246,00. Taxas de homicídio, violência sexual e violência doméstica também estão acima da das médias da cidade. Além disso, a leitura do recorte racial nos mostra que esta é a regional com a maior população autodeclarada preta e parda da capital. Definida a região de atuação do projeto, iniciou-se o levantamento da área em uma busca por lotes subutilizados, através da qual identificamos e definimos a área de intervenção. O terreno escolhido localiza-se na conurbação entre Curitiba e Pinhais, fazendo fronteira entre os municípios, e está de frente para a via que conecta a capital com o município da Região Metropolitana. ​​​​​​​
O primeiro desafio do projeto foi definir os acessos ao lote de forma segura, uma vez que todos os três lados do terreno são compostos por linhas férreas que criam, por consequência, barreiras físicas que põem em alerta possíveis usuários. Como os trilhos se estendem por mais de um quilômetro ao longo da implantação, a forma mais segura e acessível aos usuários e também a quem vive na região seria pensar caminhos sem grandes áreas de circulação e permanência próximas dos trilhos, levando em consideração também as marcas dos caminhos já existentes que mostram quais as principais rotas percorridas pelos moradores.

A primeira etapa foi ligar o eixo mais forte do terreno, o Norte-Sul, transversal ao córrego vindo do bairro que desagua no Rio Atuba, onde todos os acessos às diferentes regiões do bairro foram conectados. Elevado cerca de um metro do chão para impedir possíveis alagamentos, a primeira parte do eixo, ao norte, se conecta à Av. Ayrton Senna, principal acesso para quem vem de outras regiões da cidade. O acesso de pedestre termina na primeira praça, ponto de encontro entre os eixos leste-oeste, vindos da cidade de Pinhais e do bairro Cajuru, respectivamente. Em seguida, dois passeios suspensos cruzam o córrego e dão acesso ao centro e sul do terreno. Neste ponto, uma longa praça se estende de norte a sul e dá acesso a todos os edifícios e áreas sociais.

No primeiro edifício, uma lâmina de 96 metros cruza o eixo transversalmente, acolhendo todo o programa de saúde e apoio à comunidade, sendo assim o prédio principal. O edifício recebe uma película metálica nas fachadas norte, leste e oeste, como proteção contra a insolação constante, mas mantendo uma ampla vidraça ao sul, aproveitando ao máximo a luz externa.
Na sequência, uma área verde quebra a aridez do concreto, com espaço de grama e sombra, e seguida de um grande espelho d’água mais ao sul. A esquerda da praça, surge o edifício desportivo que sustenta as bases do programa de bem-estar. O edifício é acessado já no primeiro andar, totalmente aberto, conectando-se ao subsolo, e conta com elevadores e escadaria para os seguintes níveis. No segundo andar fora disposto uma quadra poliesportiva e esportes de mesa. E por fim, o terraço, onde são dispostas quadras de vôlei e basquete. Do outro lado da praça central se dá o campo de futebol, elemento importante na história do terreno, uma vez que era o único objeto existente no lote.
Um túnel segue para o extremo sul do terreno, onde se localiza o mirante. A escolha do mirante foi feita a partir dos potenciais do terreno. Ao extremo sul do parque, no encontro das vias férreas é onde localiza-se a edificação mais alta do parque, com vista não só para todo o bairro e para a cidade de Pinhais, mas também para o centro de Curitiba.
O programa proposto foi alocado em 3 edifícios distintos: um dedicado ao atendimento médico e preventivo, outro a um mirante e um terceiro destinado à prática esportiva. No primeiro, procurou-se dar um maior destaque dentro da implantação proposta, cujo resultado foi uma lâmina de 96m de comprimento composta por duas grandes treliças metálicas planas, o que conferiu a esse edifício a possibilidade de ser elevado do chão e se sustentar através de 4 pilares em concreto armado. O edifício-lâmina que conforma essa praça foi proposto também entendendo as características resultantes de sua implantação: nas fachadas norte, leste e oeste foi proposto um brise-soleil fixo, feito através de chapas metálicas perfuradas e sustentadas por meio de montantes conectados à estrutura, o que confere a proteção à incidência solar necessária nesse caso. 
Além disso, a proposta de criação de um parque que corroborasse com essa intenção da equipe se deu a partir de caminhos elevados, que pudessem se sobrepor ao terreno sem uma interferência direta em sua topografia. A partir disso, o uso do aço foi fundamental no desenvolvimento desses fluxos que flutuam sobre o lote: o uso estrutural desse material no suporte desses caminhos em conjunto com a utilização de chapas metálicas perfuradas conferiram à estrutura uma leveza em relação ao terreno, o que possibilitou a existência da relação desejada entre arquitetura e natureza.
No terceiro edifício, dedicado ao núcleo esportivo, a solução proposta foi diferente. Apesar da utilização de brises metálicos da mesma forma proposta no edifício 1, a implantação desse bloco se deu de forma direta no terreno. Os vãos propostos neste bloco são bastante extensos até mesmo para uma solução em estrutura metálica, o que seria ainda mais potencializado pela carga da água de uma piscina caso estivesse suspenso. A colocação do programa a partir do nível mais baixo do terreno também contribuiu para que os gabaritos propostos dentro do complexo se mantivessem coerentes, sem criar blocos de alturas desnecessariamente grandes mas também respeitando a devida importância que edifícios como esses representam para a comunidade local.
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